A Tabela 2 apresenta uma breve
comparação entre as três configurações de gaseificadores citadas acima. Já na
Figura 3 observam-se exemplos dos gaseificadores discutidos.
A mais avançada tecnologia utilizando
carvão para geração de eletricidade de forma limpa é chamada de Gaseificação
integrada com ciclos combinados (Integrated gasification combined cycle –
IGCC). Este tipo de processo apresenta maior eficiência energética que aquela
conseguida pelas plantas convencionais de carvão pulverizado. A IGCC promove
uma significativa redução na emissão de poluentes quando comparado com
tecnologias convencionais, reduzindo 33% do NOx, 75% do SOx, com praticamente
ausência de emissão de particulados. Uma planta IGCC usa de 30 a 40% menos água
do que outras plantas de geração de energia convencional.
Tabela 2 – Comparação entre os tipos de
gaseificadores.
REGIME DE FLUXO
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LEITO FIXO OU MÓVEL
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LEITO FLUIDIZADO
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LEITO ARRASTADO
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Analogia a combustão
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Combustor por grade
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Combustor por leito fluidizado
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Combustor de carvão pulverizado
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Tipo de Combustível
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Somente sólido
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Somente sólido
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Sólidos ou Líquidos
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Tamanho do combustível
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5 – 50 mm
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0,5 – 5 mm
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< 500 microns
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Tempo de Residência
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15 – 30 minutos
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5 – 50 segundos
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1 – 10 segundos
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Oxidante
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Ar ou oxigênio
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Ar ou oxigênio
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Quase sempre oxigênio
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Temp. do gás de saída
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400 – 500 ºC
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700 – 900 ºC
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900 – 1400 ºC
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Exemplos comerciais
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Lurgi dry-ash
(non-slagging),
BGL (slagging). |
IGT U-Gas, HT
Winkler, KRW
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GE (Texaco), Shell, Prenflo, E-Gas, Noell
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Comentários
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Leito móvel é mecanicamente agitado, o leito fixo não.
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Temperatura do leito está abaixo do ponto de fusão da escória,
prevenindo aglomeração das partículas.
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Não recomendável para carvão com elevada quantidade de cinzas, devido
à elevada temperatura que promove a fusão da escória.
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Para o gaseificador em leito móvel o fluxo é sempre em contra-corrente
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Sugerido para carvão com elevada quantidade de cinzas e também para
gaseificação de rejeitos em geral.
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Não recomendável para combustíveis de difícil atomização e
pulverização.
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Figura 2 – Representação de um gaseificador de
leito fixo (a), leito fluidizado (b) e leito arrastado (c).
Fonte: National Energy Technology Laboratory (NETL).
Fonte: National Energy Technology Laboratory (NETL).
A Figura 3 mostra o conceito da
gaseificação do carvão com ciclo combinado (IGCC). O processo começa no
gaseificador onde o combustível (carvão, biomassa e outros) é colocado em
contato com o oxigênio (ou ar) e vapor iniciando o processo de gaseificação,
produzindo, dessa forma, o gás de síntese. Este gás de síntese é esfriado em
refrigeradores radiantes de gás, gerando, assim, vapor de alta pressão, este
torna-se limpo após remoção de particulados, enxofre e outras impurezas. Após
processo de purificação o gás é queimado em turbinas a gás para produzir
energia elétrica. O calor residual da combustão do gás existente nas turbinas a
gás é também usado para produzir vapor que moverá uma turbina a vapor gerando
energia elétrica adicional. Aproximadamente 2/3 da energia produzida numa
planta IGCC provém da turbina a gás. Depois de abastecer de energia as
instalações da planta, a produção líquida de energia elétrica é enviada ao
sistema de transmissão e distribuição.
Além de energia elétrica, esta planta
pode co-produzir valiosas substâncias químicas e combustíveis limpos para
transportes. Neste caso, o gás de carvão de síntese limpo, ao invés de ser
queimado diretamente nas turbinas a gás, passa por um reator de síntese onde o
monóxido de carbono e o hidrogênio são cataliticamente combinados para formar
substâncias químicas de alto valor e combustíveis para com emissões
extremamente baixas. Depois da produção de combustíveis e recuperação de
substâncias químicas, o gás de síntese não convertido é enviado para planta de
ciclo combinado para produzir energia elétrica.
Um grande volume do gás de síntese, que
antes era usado para produzir energia elétrica, agora passa a produzir
combustíveis e produtos químicos. Assim, nas instalações de IGCC, para gerar a
mesma quantidade de energia elétrica, injetada na linha de transmissão,
utiliza-se gás natural que é queimado nas turbinas a gás, compensando o gás de
síntese usado para produzir combustíveis e substâncias químicas. Deste modo, a
produção de energia elétrica total na saída da planta pode ser mantida igual na
linha de transmissão com as instalações do IGCC.
O carvão é o único combustível fóssil
cujo suprimento permanecerá, durante uma parte do século XXI, existindo em
grande quantidade e a custos relativamente baixos. Trata-se, portanto, de um
dos principais combustíveis substitutos disponíveis para atenuar a transição da
era atual de petróleo e gás natural abundantes para uma fase futura de recursos
energéticos renováveis.
A ciência e tecnologia da gaseificação
de carvão e de outros combustíveis sólidos têm avançado significativamente.
Este progresso é resultado de uma considerável expansão nos trabalhos de
pesquisa e desenvolvimento relacionados aos aspectos físicos e químicos das
reações presentes na gaseificação e também nos processos de purificação dos
gases e líquidos provenientes do processo, assim tornando a gaseificação um
processo limpo e ambientalmente correto para geração de energia e outros
produtos químicos. Destacam-se, neste caso, pesquisas dos mecanismos cinéticos
das reações, termodinâmica, transferência de massa e calor e fluidodinâmica.
Com o uso de todas estas informações, o entendimento e modelagem dos mecanismos
envolvidos no processo de gaseificação tornam-se mais favoráveis, possibilitando
o projeto de gaseificadores e processos com mais confiabilidade, economia,
segurança e ambientalmente corretos. É importante salientar que as propriedades
termodinâmicas do carvão são difíceis de serem mensuradas devido à natureza
heterogênea e complexa deste material, o que torna o trabalho ainda mais
difícil. Diante do avanço nessa área, acredita-se que o futuro do carvão
mineral está na gaseificação.
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